quinta-feira, 13 de outubro de 2016

“Lições do Deserto”

O Senhor DEUS “te guiou por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões, de terra árida e sem água, onde fez jorrar para ti água da pedra dos rochedos; que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram, a fim de te humilhar e provar, e afinal te fazer bem” (Deuteronômio 8:15-16).
Peço licença ao meu amado irmão em Cristo, amigo e escritor, Daniel Tomás, do qual utilizei o título do seu excelente livro, Lições do Deserto, que recomendo a todos os cristãos, como um alimento espiritual.
Os desertos são as regiões mais secas do mundo. Eles podem ficar vários anos sem receber sequer uma gota de chuva. É lugar de extrema solidão também, onde, além de faltar o necessário para a sobrevivência humana, só se veem camelos e tuaregues (integrantes de tribos desérticas que viajam normalmente em grupos). Durante o dia, as temperaturas nos desertos habitualmente alcançam os 25° C, à sombra, e 40° C, podendo chegar a 58° C, como ocorreu na Líbia. Em contrapartida, à noite faz um frio quase que insuportável; pois o calor escapa para um céu sem nuvens. Ocupam mais de 12% das terras emersas do planeta. O Saara, por exemplo, maior deserto do mundo, é um mar de morros de areia do tamanho do Brasil que se estende por 5 mil km, do Mar Vermelho ao Oceano Atlântico, a oeste, e algumas de suas dunas de areia podem alcançar 300 m de altura. Com tantas características adversas ao homem e diante de inúmeras outras belezas turísticas existentes, raramente um deserto faria parte do roteiro de algum viajante interessado em contemplar as “maravilhas” do mundo. Mas, caro leitor, e se DEUS o convidasse agora a passar alguns dias ou meses, ou anos, num deserto total, onde a sua única correspondência fosse com o seu próprio interior? Se ainda não recebeu este convite da parte de DEUS, prepare-se! Seu dia pode estar bem próximo… Se você já está no deserto, aproveite agora essa oportunidade que DEUS lhe dá para aprender melhor a atravessá-lo e compreender quão maravilhoso é ser preparado para receber a promessa maior, que é o Reino dos Céus.
Na Bíblia Sagrada o deserto é palco de muitas narrativas, caracterizando-o como lugar de solidão, abandono, sem vegetação, quase inabitável, com perigos frequentes de fome, sede e serpentes. Nem sempre o termo recebe esse significado e pode não representar um lugar como o Saara ou o da Arábia, mas um mundo interior essencialmente solitário, tipo retiro ou isolamento. Para DEUS, o deserto constitui-se como um “habitat” incontaminável com o mundo, onde o homem, por força das circunstâncias, sente-se obrigado a se despir de suas vontades e de seus pecados (os quais o impedem de ouvir a voz do PAI), tornando-o um ser extremamente frágil e humilhado. O deserto confronta-se diretamente com os nossos anseios humanos: enquanto no mundo temos sede de conquistas, no deserto a principal lição é aquietar-se; viver na total dependência de DEUS. E aí consiste o nosso maior problema. Se DEUS lhe falar para escalar uma montanha e alcançar o cume, você logo vai. Mas se ELE convidá-lo(a) a entrar no deserto, você talvez não aceite.
O deserto é lugar de experiências maravilhosas; um ambiente onde o homem esvazia-se de si mesmo e aprende a marchar contra a sua vontade interior. É onde o ser olha para um espelho invisível e o reconhece em sua mais profunda pequenez. O deserto abre os nossos olhos através de um vale de lágrimas. Estando em completo estado de dependência, é a hora de o homem experimentar os milagres de DEUS. DEUS fala ao coração dos seus filhos com mais intimidade no deserto. Foi por isso que o apóstolo Paulo escreveu:”Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:10). DEUS só leva ao deserto aquele que ELE deseja provar, transformar e realizar um grande feito. Não há deserto sem provisão e sem propósitos grandiosos. Toda trajetória desértica só tem um fim para aqueles que marcham confiantemente em DEUS: vitória. Enquanto você marcha no deserto, DEUS endurece o coração dos teus inimigos para te perseguir, para te afrontar, para te injuriar. Eles até pensam que são fortes e poderosos; convocam um enorme exército para ir ao teu encontro. Mas em toda guerra há um dia estabelecido por DEUS para cessá-la. É aí que o SENHOR sai da frente do seu povo para se posicionar atrás, exatamente à frente dos adversários. ELE diz: “não temas; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejará por vós, e vos calareis” (Êxodo 14:13-14).
A maior prova de nossa fé é sabermos esperar. No deserto, temos que esperar. É por isso que ele se torna tão difícil para nós. DEUS molda os seus filhos amados onde a contaminação pelas influências mundanas se torna impossível. Portanto, só é convidado a ir ao “deserto” para ser provado por DEUS quem ELE escolheu para servi-lO: “também no deserto vistes que o Senhor vosso Deus vos levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes até chegardes a este lugar” (Deuteronômio 1:31). No deserto aprendemos que, embora nos sintamos sozinhos, DEUS sempre está no nosso lado. Foi assim com o povo de Israel sob a liderança de Moisés: “Assim partiram de Sucote, e acamparam em Eta, à entrada do deserto. O Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem de dia, nem a coluna de fogo de noite” (Êxodo 13:20-22); com Abraão no sacrifício do seu único filho a caminho do “deserto” de Moriá: “e estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar o filho. Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão! Abraão! Respondeu ele: eis-me aqui” (Gênesis 22:10-11); com José ao ser vendido como escravo no Egito: “vendo o seu senhor que Deus era com ele, e que tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos” (Gênesis 39:3); com Davi quando este fugiu da ira do rei Saul para uma caverna no deserto de En-Gedi: “este dia os teus olhos viram que o Senhor te pôs em minhas mãos nesta caverna. Alguns disseram que eu te matasse, porém a minha mão te poupou (…)” (1 Samuel 24:10); com Elias fugindo da ira de Jezebel (que havia matado muitos profetas e queria matá-lo também) e, em extremo desespero, instalou-se numa caverna. Quando ele pensava em morrer veio a presença do Senhor trazer a bênção inigualável, que só é possível contemplar quando não há mais forças, mais recursos, mais nada. Enquanto Elias dormia pensando na morte como solução, um anjo, ao seu lado, preparava-lhe a comida fresca e saudável no fogo: “o anjo do Senhor voltou segunda vez, tocou-o, e lhe disse: levanta-te e come, pois muito longo te será o caminho. Levantou-se, comeu e bebeu. Com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus “(1 Reis 19:7-8). Nunca duvide da presença de DEUS quando as areias do deserto parecerem cobrir toda a sua vida. DEUS nos prepara para sermos co-herdeiros do Reino dos Céus: “Vê, eu te purifiquei, mas não como a prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim faço isto (…)“ (Isaías 48:10-11).
Outras lições que você deve aprender no deserto: o próprio DEUS o colocará em combates grandiosos, como ocorreu com JESUS: “Então foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo” (Mateus 4:1). Mas como a Palavra Santa afirma: “Não veio sobre vós tentação, senão humana. E fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Coríntios 10:13). Por isso, permaneça firme e confiante porque grande será a sua vitória. E se nada mais lhe resta, transforme o seu deserto num grande concerto de louvor a DEUS. Através dos louvores, o Senhor lhe dará forças para prosseguir na caminhada. Lembre-se da vitória do servo Jó. Agora um detalhe muito importante: não confunda “deserto” com “prisão” espiritual. Os que estão amarrados em cadeias malignas ou não são do Caminho ou estão fora dEle. Vivem em completo domínio de satanás e foram entregues às imundícies do seu coração. “Deserto” é para quem precisa ser aperfeiçoado, melhorado, cujo coração se encontra esperança, por menor que seja, de redenção. DEUS conhece aqueles que, em sua pouca força e pobre fé, almejam ser fortalecidos pelo Seu poder. São os que clamam dia e noite; os que perseveram; os que se humilham; os que choram; enfim, os que não se entregam nem desistem jamais.
No deserto de Daniel, DEUS tapou a boca dos leões. No de Jó, fê-lo receber em dobro tudo o que havia perdido. A duração do deserto de JESUS CRISTO não foi quarenta dias nem quarenta noites, mas todo o Seu Ministério, ao levar sobre si os desertos de todos os homens. Estar no deserto é motivo de alegria e um privilégio que é dado a poucos neste mundo. Não se pode chegar ao céu sem antes passar pelo deserto e ser aprovado. O deserto é a via única de acesso ao paraíso celestial; é onde a voz de DEUS ecoa como canção sublime aos nossos ouvidos. Se DEUS o convidar para esse “passeio” maravilhoso com ELE ou se já procedeu, alegre-se porque os olhos sagrados não querem que você se perca do alvo; e as mãos sagradas vão transformá-lo em vaso precioso. Por essa razão, JESUS, intercedendo pelos Seus servos, pediu a DEUS em Sua oração: “não peço que os tire do mundo, mas que os guarde do mal. Eles não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:15-17). ELE sabia que haveria ainda muitos desertos para os Seus Filhos atravessarem… Amém, Senhor JESUS!!!
FERNANDO CÉSAR

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